Nos próximos dias, mais uma edição da Festa da Colônia e Feira do Mel oferecerá aos sapiranguenses e cidadãos vizinhos uma bela celebração da cultura alemã, cuja tradição tem marcado a história de muitos vales gaúchos há quase dois séculos. Os colonos gaúchos constituem um dos elos que a sociedade contemporânea tem para se reconectar com alguns valores que vêm sendo deixados de lado gradativamente, especialmente nas últimas décadas. O primeiro deles se refere a um estilo de vida natural, mais voltado ao que a natureza tem a oferecer à subsistência humana. Quem vive no campo sabe que plantas e animais fluem de acordo com ritmos e ciclos pouco influenciados pela vontade humana. Há épocas mais propícias para plantar e outras para colher, e diferentes espécies animais têm seus comportamentos influenciados pelas variações climáticas. É de grande sabedoria viver de acordo com tais mudanças, cultivando uma existência mais simples, com menos complicações e artificialismos típicos da vida urbana moderna, e mais conectada ao essencial. Por fim, destacaria ainda o respeito às origens e à ancestralidade que nos marca. Quem vive, e especialmente quem nasceu em Sapiranga e cidades vizinhas, carrega em sua história e em suas memórias mais antigas a força da superação, da transformação e da geração de oportunidades em situações adversas oriundas das culturas nativas e imigrantes. Mesmo que nos esqueçamos, ou sequer tenhamos consciência disso, podemos retomar o contato com esses valores que subjazem a construção do lugar que vivemos e a forma como ocupamos nosso espaço no mundo.
(Comentário publicado no Jornal Repercussão em 26 de junho de 2014)